segunda-feira, 2 de junho de 2008

De vento em rosa


De súbito - o retrocesso
o não-senso do retro-olhar
rever o caminho
percorrido de anos, em segundos
primeiras e segundas intenções

A abertura ótica
grande oco, lar
exagerada solidão
de enxergar perfeito
aquele antigo pretexto
e seguir na contramão

o tempo opera milagres
o vento embriaga miragens
embarcam o tempo e o vento
pelos mares das judiadas lembranças

Destino certo
instinto exato
ao rumo dessa prosa
de vento em rosa
que desova andores
e desata os nós

- Sai coceira da garganta
- vai pros cafundéu das ribanceiras
- volta pros ardores do tempo
em que a boca, o olho e os ouvidos
não sabiam de querer volver

Um comentário:

Alessandra disse...

Yolanda, seu blog tem uma doçura que encanta e resgata as lembranças mais recônditas de nosso espírito... Viajei na imensidão traduzida de cada palavra da poesia, me vi criança, me vi adulta, senti perfumes tão longe, tão distantes, que outrora estavam adormecidos!
Apesar de não conhecê-la pessoalmente, gostaria muito de poder trocar idéias, poesias, fragmentos de vida, ainda que fosse por email. Você está de parabéns, muito lindo e de grande expressividade o teu blog!